Torre Eiffel em construção - Paris, França, 1888
Em setembro de 1914 a França encontrava-se mortalmente ameaçada pela invasão dos exércitos alemães. Era o início da Grande Guerra, ou a Primeira Guerra Mundial. Em poucos meses os alemães haviam derrotado a Bélgica e ocupado os seus principais portos e acessos, porém a vitória crucial dos invasores fora a superação do principal contingente do exército francês nas regiões fronteiriças da França.
Os franceses reuniram em sua capital, Paris, o restante de seu exército na esperança de deter a invasão da cidade, ao mesmo tempo em que impediriam com isto a invasão completa do país. Por não dispor de grandes rios ou montanhas como barragens naturais para o avanço das tropas invasoras, a derrota de Paris seria certamente a derrota da França.
As tropas alemãs chegaram a aproximadamente 40 km de distância da cidade, e já avistavam a sua famosa torre Eiffel - um prêmio cobiçado pelas forças invasoras e seu Keiser. Estavam certos de que a derrota em Paris precipitaria a rendição da França, e a posterior vitória sobre a Inglaterra e Rússia.
À noite, um soldado francês estava no alto da torre Eiffel (317 metros de altura) ouvindo pelo rádio, uma das novas invenções do século XX, as comunicações entre o comando da força invasora e o alto comando alemão. Em uma destas conversas, ele tomou conhecimento de que as forças alemãs estavam na realidade desguarnecidas de munição, alimentos e reforços de soldados. O avanço em direção à Paris estava comprometido se não recebessem o apoio necessário.
Os generais franceses ao tomarem conhecimento desta situação precária, planejaram e deslocaram durante a madrugada as tropas francesas sediadas em Paris para as proximidades das forças alemãs. Utilizaram nesta manobra todos os veículos disponíveis, inclusive todos os taxis da cidade para o transporte das tropas.
Nas primeiras horas da manhã, os alemães foram surpreendidos pelos soldados franceses em ataque. Dadas as circunstâncias em que se encontravam, não puderam oferecer grande resistência, sendo empurrados em direção da fronteira com a Alemanha.
A França havia sido salva pela sua famosa torre Eiffel.
É curioso saber que poucos anos antes, em 1909, considerou-se seriamente desmantelar e demolir a construção. Mas agora, ela tornara-se uma verdadeira heroína, e para sempre permaneceria no campo de Marte, ao lado do rio Sena.
A torre Eiffel foi construída para a celebração dos 100 anos da revolução francesa, em 1889. Seu arquiteto e construtor, o engenheiro Gustave Eiffel, conquistou o direito de construí-la após vencer um concurso onde outros 100 projetos competiram.
O primeiro desafio quase intransponível em sua construção foi o terreno onde ela deveria ser erigida. Descobriu-se que o terreno não suportaria as quase 10.000 toneladas de peso da estrutura. A solução seria a remoção de todo o solo, e a construção de firmes edificações de concreto e ferro que serviriam de plataforma para a construção da torre. Por não ter sido considerado no projeto inicial, o custo desta etapa não havia sido orçado. Gustave Eiffel e sua firma arcaram integralmente com estes custos adicionais, colocando em risco a sobrevivência do próprio negócio.
Cada peça de ferro utilizada na torre teve que ser especialmente desenhada e fabricada, utilizando técnicas de manufatura inventadas para o projeto. A disposição na treliça metálica era crítica. Pequenos enganos em sua disposição poderiam causar o desequilíbrio das cargas de peso. Não havia medidores a laser ou GPS, e muito menos computadores para a realização dos cálculos complexos típicas das treliças metálicas.
Após dois anos de construção, em 1889, a torre foi inaugurada. Mais de 200 milhões de pessoas já a visitaram desde a sua inauguração. Um dos primeiros visitantes ilustres foi Dom Pedro II, imperador do Brasil. Conta-se que ele tomou conhecimento da proclamação da República em seu país quando no alto da torre, ou no seu trajeto de retorno ao solo. Outro visitante ilustre foi Thomas Alva Edson, engenheiro e inventor conhecido mundialmente por ter concebido mais de 100 inventos, dentre eles a lâmpada elétrica. Após parabenizar o seu colega Eiffel, ele registrou no registro de visitantes a seguinte mensagem: “esta torre é uma justa homenagem ao maior de todos os engenheiros – o Criador”.
Do século XXI, vemos estas histórias com muita curiosidade, pois sabemos como foi complicado e desafiador a sua construção no século XIX. Contudo, há paralelos evidentes que precisamos destacar para o proveito de todos.
Nunca a educação foi tão necessária para tornar as pessoas menos vulneráveis as mudanças constantes de nossa sociedade. A edificação da educação pessoal é chave para adquirir maior capacidade de adaptação às mudanças do mercado de trabalho.
Contudo, a educação também é parte importante para a formação da personalidade, que produz efeitos profundos na maneira com que as pessoas interagem com outras na sociedade.
Lembremos as palavras do Senhor quanto a necessidade de educação:
D&C 131:6 - "É impossível ao homem ser salvo em ignorância".
Muito embora o principal conhecimento a ser adquirido nesta vida refere-se ao evangelho e as suas ordenanças de salvação, que afinal elevam o ser humano de seu estado de ignorância para o de pleno entendimento de seu papel eterno, o conhecimento secular também é importante para nos elevar ao estado de pleno entendimento do mundo que nos cerca e das oportunidades de evolução pessoal e familiar que nos deparamos.
D&C 130:19-20 - "E se nesta vida uma pessoa, por sua diligência e obediência adquirir mais conhecimento e inteligência do que outra, ela terá mais vantagens no mundo futuro"
O esforço que dedicamos nesta vida para a aquisição de educação espiritual e secular, e quando aplicados em nossas vidas com sabedoria, trarão maior inteligência com alcance eterno.
Quando os pioneiros chegaram no vale do lago salgado, e após uma penosa viagem pelas planícies da América, o presidente Brigham Young e outros líderes do sacerdócio logo demarcaram o local onde seria construído o templo. Antes mesmo de construirem as suas próprias casas, iniciaram a construção da escola que seria utilizada para educar os mais jovens.
A edificação da torre da educação e do conhecimento é tanto essencial para as pessoas hoje, como a construção da torre Eiffel o foi para a França em sua época. Há um paralelo importante que precisa ser mais bem investigado.
Da mesma forma que alguns possam achar que a torre da educação seja desnecessária em suas vidas, há muitos dos contemporâneos de Gustave Eiffel que acreditavam que a torre seria desnecessária. Até que os canhões dos alemães fossem ouvidos pelas ruas de Paris, e a milagrosa expulsão das tropas invasoras em função da informação obtida do alto da torre Eiffel, ela havia sido condenado para a demolição. A torre da educação torna-se vitalmente necessária quando menos se espera. É preciso estar preparado.
A torre da educação também carece de um solo adequado para a sua edificação, ou quando não, o solo inapropriado da descrença e ignorância espiritual precisa ser substituído pelo profundo conhecimento do evangelho e pelo exercício contínuo da fé. Não há melhor fundamento para a torre da educação do que o sólido testemunho do Evangelho que advém da soma da fé, do estudo do evangelho, e do toque do Espírito Santo.
A construção da torre da educação exige muito sacrifício pessoal, disciplina e acompanhamento constante. Conta-se que Gustave Eiffel acompanhava pessoalmente a disposição de cada parte de ferro em seus lugares determinados, por saber que erros podiam ser cometidos facilmente. Algumas vezes vemos pais surpreendidos quando seus filhos são reprovados, ou mesmo quando trazem notas ruins na conclusão das provas ou testes. O acompanhamento constante da educação dos jovens através de perguntas simples quanto ao que e como estão aprendendo é essencial para assegurar que estão aprendendo o que precisam e com qualidade. A torre da educação, como a torre Eiffel, não pode subir aos céus com deformações ou desvios, sob pena de comprometer toda a estrutura. Não é surpresa vermos jovens carentes de conhecimentos básicos quando avançam na trajetória educacional.
Outro ponto intrigante que vemos em muitos jovens é o desinteresse ou descrédito na capacidade individual de estudar e adquirir boa educação. Esquecemos muitas vezes que temos na região em que vivemos algumas da melhores universidades do país. Elas deveriam ser almejadas pelos jovens e jovens adultos como parte de seus planos de construção educacional. Muitas vezes o caminho mais simples e barato na educação não é aquele que proporcionará o melhor retorno futuro.
Ao edificar a torre da educação precisamos lembrar que ela existe para proporcionar melhor entendimento do mundo em que vivem trazer melhores oportunidades profissionais, e principalmente proporcionar melhores atributos de personalidade.
Ao edificar a torre do conhecimento em suas vidas, precisamos utilizá-la como uma ferramenta nas mãos do Senhor para realizar o bem.
2 Ne 9:28-29 – "Oh! Quão astuto é o plano do maligno. A vaidade e fraqueza e a insensatez dos homens! Quando são instruídos pensam que são sábios e não dão ouvidos aos conselhos de Deus, pondo-os de lado, supondo que sabem por si mesmos; portanto sua sabedoria é insensatez e não lhes traz proveito. E eles perecerão.
Mas é bom ser instruído, quando se dá ouvidos aos conselhos de Deus".
Da torre da educação que edificarmos em nossa vida, devemos irradiar a verdade e o bem a todos ao nosso alcance, como os aparelhos de rádio, TV e laser que hoje são utilizados do alto da torre.
Torre Eiffel - 2007
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